12 agosto 2010

a natureza para ser comandada


A natureza para se deixar comandar tem de ser obedecida.
Francis Bacon


Encontrei esta citação de Bacon, pela primeira vez, na obra de Ayn Rand. Não pode existir nada de mais verdadeiro. Os seres humanos, enquanto primatas da espécie Homo Sapiens, não são absolutamente livres para fazerem o que lhes der na real gana.
Nascemos com determinadas características e tendências (NH - natureza humana) que estamos fortemente motivados a seguir. Desde logo, como qualquer ser vivo, “crescermos e multiplicarmo-nos”. E muitas outras, claro. Somos territoriais, ambicionamos o poder e um estatuto social elevado, somos dedicados à família e também (é verdade...) tribais.
Qualquer ética política, para ter eco nos nossos sentimentos, tem de corresponder a esta realidade. Tem de se submeter à natureza.
O valor ético supremo é a sobrevivência da espécie, não dos indivíduos particulares. Para esse resultado, os seres humanos reúnem-se em sociedades que “estabelecem” normas.
O controle da violência física cai dentro dessas normas sociais que “a sociedade” regulamenta. No passado, este controle era da responsabilidade dos chefes tribais, depois passou para as mãos dos “senhores da guerra”, depois para os monarcas e actualmente para o Estado (detentor do monopólio da repressão da violência). Há um fio condutor nesta evolução e uma história para contar.
Milhentas normas são aplicadas coercivamente, em sociedade, pelo Estado e/ou por outras instituições sociais. Limitam a liberdade individual? Com certeza. Muitas são imorais? Certamente. São, contudo, normas que evoluíram ao longo de séculos, não nasceram do nada.
A vida moderna concede-nos o privilégio indescritível de observarmos sociedades em diferentes estadios de desenvolvimento e de percebermos a evolução dos comportamentos sociais. Há sociedades em África que vivem como se vivia há 10.000 anos na Europa e outras que nos fazem recordar a selvajaria da antiguidade.
De todas, é nas democracias liberais e capitalistas (DLC) que se respira mais liberdade. É nas DLC que há mais respeito pelos direitos cívicos e, portanto, é prudente conservar a liberdade que temos, enquanto lutamos por mais, sem escaqueirar o que demorou milénios a construir. Estou também convencido que é nas democracias liberais e capitalistas que a espécie humana tem mais possibilidades de se desenvolver.
Fónix, pareço mais conservador que libertário!

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