No mesmo dia em que a S&P reduziu a notação de risco da Irlanda (ainda assim para um nível bem superior ao nosso), abrindo caminho para a revisão em alta do risco dos outros países mais afectados, a República Portuguesa decidiu emitir mais dívida e vai daí levantou mais 1,3 mil milhões de euros no mercado internacional. De acordo com o Instituto de Gestão do Crédito Público, entre Janeiro e Junho deste ano, o stock de dívida pública portuguesa aumentou 7,5% face a Dezembro de 2009. O descalabro é total. Vejamos: arredondemos a taxa de cupão das obrigações do Tesouro portuguesas para 5% (os 10 anos estão até acima desse valor), multipliquemos esse custo por uma taxa de crescimento da dívida de 15% ao ano (em linha com o ritmo que já levamos em 2010) e chegaremos ao ritmo de crescimento do PIB necessário apenas para cobrir o acréscimo de custos financeiros: 0,8%. Ou seja, se as previsões do governo forem correctas e a economia crescer apenas 0,7%, ceteris paribus, o efeito multiplicador da dívida será nulo ou até negativo. Por fim, importa ainda referir que, hoje, o Estado pediu emprestado cerca de metade do valor que ambiciona reduzir ao défice orçamental até ao final do ano. Faz sentido?
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