09 junho 2010

capitalismo iliberal

Teremos atingido o Fim da História? Eu estou convencido que sim. Fukuyama já esteve mais convencido do que agora e Henrique Raposo pensa que não. “A democracia liberal não é o fim de história obrigatório para todos os povos que escolham a via da modernidade; a modernidade tecnológica e económica não acaba sempre na forma política conhecida por democracia liberal”*.
Alguns estados asiáticos conseguiram construir uma modernidade “de cariz confucionista” que “se consubstancia num regime político que pode ser rotulado de capitalismo iliberal e que constitui uma alternativa viável à democracia liberal. Os exemplos de estados capitalistas iliberais de sucesso são a China e Singapura.
Fim do Fim da História? Não creio. Eliminemos "Singapura, Inc" do mapa e concentremo-nos na China. Como sabemos, a democracia está intimamente relacionada com o desenvolvimento económico. É rara nos países com um PIB/capita inferior a US$ 3,000.00 por ano, precária até aos US$ 6,000.00 e florescente a partir daí. Tendo a China um PIB/capita de apenas US$ 3,677.00, parece-me precoce rotular o capitalismo iliberal chinês de modelo alternativo.
Os chineses estão contentes e reconhecem legitimidade ao governo. Se eu fosse chinês também estaria contente com um regime que, apesar de tudo, retirou milhões de seres humanos da miséria absoluta. Especialmente, os sobreviventes da revolução cultural devem estar eufóricos.
Conseguirá, contudo, o capitalismo iliberal chinês elevar o nível de vida da população para padrões ocidentais, sem evoluir para a democracia liberal? Estou convencido que não (argumentos a apresentar mais tarde).
O que me parece precoce é apresentar o modelo chinês como alternativa. Por enquanto é uma boa alternativa à miséria, mas ainda não é uma alternativa à democracia liberal.

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