Isolado neste paraíso chamado Porto Santo, tenho acompanhado, com algum distanciamento, a reacção dos mercados à solução encontrada para safar a Grécia. Infelizmente, continuo convencido do mesmo: a ajuda aos gregos não é uma boa solução para ninguém. Não é para os gregos, pois estes, claramente, não a estão a aceitar de bom agrado. Não é para Portugal, o próximo na lista, pois, assim, agravará a nossa própria morte lenta. E não é para a zona euro, pois, não punindo a aldrabice grega, eliminar-se-á qualquer incentivo ao cumprimento das regras.
Quanto a Portugal em particular, a nossa bolsa, depois das perdas de ontem e de hoje, está quase a anular o fogacho das sessões de 5ª e 6ª, após as pesadas perdas do início da semana passada. Contudo, a taxa de juro associada às obrigações do Tesouro a dez anos ainda não fez novo máximo, face ao máximo da semana passada. O que é que isto nos diz? Que o plano de ajuda à Grécia poderá ter colocado um tecto nos juros da dívida - pelo menos, enquanto os alemães não se lembrarem de dar o dito por não dito...-, mas que, dificilmente, Portugal evitará a tomada de medidas que, de algum modo, já tenham sido adoptadas na Irlanda e anunciadas na Grécia.
Visto à distância, Portugal, ao contrário do que tantos têm tentado sugerir, exibe algumas semelhanças em relação à Grécia, nomeadamente nas greves que vão surgindo e na atitude dos seus respectivos políticos. Também os nossos políticos estão em estado de negação e, mais uma vez, serão os mercados que os irão forçar a capitular na boa direcção. Pois enquanto não suspendermos as obras públicas e não reduzirmos os salários da administração pública, os mercados não nos irão largar. E reparem só no comportamento positivo que a bolsa na Irlanda revela este ano. É como da água para o vinho. Portanto, não vale a pena argumentar que somos diferentes; não somos.
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