23 abril 2010

Não está certo


A grande notícia do dia de hoje saiu da Grécia: o país activou os mecanismos através dos quais espera agora receber o pacote de auxílio financeiro estimado em 45 mil milhões de euros. Isto no mesmo dia em que alguns investidores sugeriram deixar cair a Grécia. Já ontem este senhor tinha sugerido o mesmo!

Sem querer suspeitar do grau de compromisso da União Europeia com a Grécia, a verdade é que a posição da Alemanha não deixa de ser curisosa. Ontem, o ministro das Finanças afirmou que a Alemanha estava firme e hirta no apoio aos gregos. Hoje, na sequência do pedido de ajuda, a chanceler Merkel deu a entender que, afinal, pode muito bem não ser assim. A mudança de humores poderá ter tido origem na forma pouco austera como o Primeiro Ministro grego Papandreou anunciou o pedido de ajuda: a partir de uma paradisíaca ilha ao largo do Mar Egeu...

Entretanto, contrariando a conclusão do meu post de ontem acerca da possibilidade de "default", estive a ler um pouco mais acerca do "aftermath", em geral, associado aos incumprimentos de dívida e, segundo o livro de Reinhart e Rogoff ("This time is different, Eight centuries of Financial Folly"), após um "default", em média, as taxas de crescimento real do PIB nos três anos subsequentes são positivas e com significância estatística. Ou seja, a minha tese de que um "default" na Grécia seria trágico para a economia grega não encontra correspondência na evidência histórica. Assim, reforço, sem qualquer ponta de cinismo, que deixar cair a Grécia seria mesmo a melhor solução para todos. Não apenas para a zona euro, mas também para os gregos. Pelo contrário, se o plano de ajuda financeira fôr para a frente, será o primeiro de muitos. Infelizmente.

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