Na continuação deste post, existe outra consequência que vai saír da presente crise de pedofilia que se abate sobre a Igreja. Trata-se daquilo que eu chamo o missionarismo laico e de que, obviamente, eu sou um dos intérpretes.
Desde há muitos anos que o Papa, muito antes de ser Papa, considera que a Igreja passa mal a sua mensagem. A razão é óbvia. A mensagem católica é passada sobretudo pelo clero e num mundo crescentemente laico, o clero não é tomado a sério quando pretende falar de assuntos de ciência, economia, política, sociologia, sexualidade, mesmo família. O clero é escutado, na melhor das hipóteses, quando fala de teologia e de moral, que não são propriamente os assuntos mais populares do momento.
E, não obstante, o catolicismo tem doutrina sobre sexualidade, sobre política, sobre ciência, sobre economia, sobre sociologia, sobre teoria do conhecimento até. Mas que não podem ser os padres a comunicá-la ao público. Por isso, desde há muito tempo que o Papa tem pedido a ajuda de intelectuais laicos que ajudem a Igreja a comunicar a sua mensagem nos vários ramos da vida humana. Não existe doutrina tão incompreendida quanto a doutrina católica, em parte porque, como já expliquei noutro lugar, os padres são muito maus a defender-se. Não podem atacar, não podem sequer usar as mesmas armas que os seus adversários.
É claro que o Papa, sendo um intelectual, e um homem profundamente racional, não pede a ajuda dos intelectuais laicos, agrilhoando-os a quaisquer condições, e menos ainda exigindo qualquer vinculação institucional à Igreja. Se eu compreendo bem a sua mensagem, ela é a seguinte: "Analisem a doutrina católica nas suas várias vertentes. Se estiverem de acordo, por favor, divulguem-na". E ao analisar a doutrina católica, como economista, mas não apenas como economista, a minha surpresa foi total, pela sua racionalidade, pelo seu realismo, e sobretudo, pelos horizontes que abre à criatividade e à razão humana.
Todas as doutrinas ou filosofias saídas do protestantismo, como o liberalismo, o socialismo, mas também a ciência económica, passado um tempo, fazem um homem sentir-se como se estivesse fechado num campo de futebol, onde sobre as linhas laterais e de cabeceira se erguem muros inexpugnáveis. Apodera-se dele uma espécie de depressão intelectual onde, depois de saber tudo, já não tem mais nada a dizer. São verdadeiras prisões da razão humana. E, no entanto, nas universidades são apenas estas doutrinas que são ensinadas aos estudantes, e que passam como tendo credibilidade científica.
O caso da Economia é a este respeito significativo. De origem protestante e anglo-saxónica (Adam Smith, Escócia, 1776), a Economia tem hoje 51 Prémios Nobel, naturalmente todos homens. Aquilo que não é nada natural é que, desses 51, 34 sejam americanos, 8 ingleses, 2 noruegueses, 2 suecos, 1 alemão, 1 israelita, 1 russo, 1 holandês e 1 francês. Não existe um único dos países predominantemente católicos do sul da Europa e da América Latina. A razão é que nunca foi desenvolvida uma teoria económica do catolicismo e os economistas são formados na única tradição que existe, que é a tradição protestante.
O caso da sexualidade é outro exemplo. Existe obviamente uma teoria sexual do catolicismo e nos últimos dias eu procurei expô-la com a clareza possível. É uma sexualidade extraordinária, cheia de romance, de tensão, de racionalidade e de aventura. Mas os ensinamentos sexuais que os jovens hoje recebem em Portugal e que, mais tarde, eles próprios procuram, através de livros, revistas e até de filmes, são de inspiração essencialmente protestante. Os temas são "Como excitar uma mulher", "Como provocar um orgasmo num homem", "O sexo anal", etc. É óbvio que quem aprender assim, em abstracto, pelos livros, nunca vai ter uma sexualidade satisfatória. Não existem regras abstractas do "bom sexo". A sexualidade faz-se entre duas pessoas, e esse par de pessoas é diferente de qualquer outro par de pessoas. A sexualidade é concreta, aquilo que funciona entre duas pessoas, não funcona necessariamente entre outras duas. A verdadeira e boa sexualidade aprende-se vivendo-a, praticando-a.
Gostaria de terminar com uma referência aos filmes pornográficos. São normalmente produções de cultura protestante, americanas, inglesas, alemãs, holandesas. Raramente são produções de países católicos, em parte porque um casal de cultura católica que se preze não precisa daquilo para nada. E os filmes pornográficos reflectem bem aquilo que é a sexualidade protestante. Não há romance, não há afecto, não há razão, é meia-bola e força e directo ao assunto, normalmente com o homem a fazer figura e a mulher a aguentar. É uma sexualidade de adolescente e uma sexualidade que é verdadeiramente degradante para a mulher. Feita entre dois animais, não seria diferente.
Desde há muitos anos que o Papa, muito antes de ser Papa, considera que a Igreja passa mal a sua mensagem. A razão é óbvia. A mensagem católica é passada sobretudo pelo clero e num mundo crescentemente laico, o clero não é tomado a sério quando pretende falar de assuntos de ciência, economia, política, sociologia, sexualidade, mesmo família. O clero é escutado, na melhor das hipóteses, quando fala de teologia e de moral, que não são propriamente os assuntos mais populares do momento.
E, não obstante, o catolicismo tem doutrina sobre sexualidade, sobre política, sobre ciência, sobre economia, sobre sociologia, sobre teoria do conhecimento até. Mas que não podem ser os padres a comunicá-la ao público. Por isso, desde há muito tempo que o Papa tem pedido a ajuda de intelectuais laicos que ajudem a Igreja a comunicar a sua mensagem nos vários ramos da vida humana. Não existe doutrina tão incompreendida quanto a doutrina católica, em parte porque, como já expliquei noutro lugar, os padres são muito maus a defender-se. Não podem atacar, não podem sequer usar as mesmas armas que os seus adversários.
É claro que o Papa, sendo um intelectual, e um homem profundamente racional, não pede a ajuda dos intelectuais laicos, agrilhoando-os a quaisquer condições, e menos ainda exigindo qualquer vinculação institucional à Igreja. Se eu compreendo bem a sua mensagem, ela é a seguinte: "Analisem a doutrina católica nas suas várias vertentes. Se estiverem de acordo, por favor, divulguem-na". E ao analisar a doutrina católica, como economista, mas não apenas como economista, a minha surpresa foi total, pela sua racionalidade, pelo seu realismo, e sobretudo, pelos horizontes que abre à criatividade e à razão humana.
Todas as doutrinas ou filosofias saídas do protestantismo, como o liberalismo, o socialismo, mas também a ciência económica, passado um tempo, fazem um homem sentir-se como se estivesse fechado num campo de futebol, onde sobre as linhas laterais e de cabeceira se erguem muros inexpugnáveis. Apodera-se dele uma espécie de depressão intelectual onde, depois de saber tudo, já não tem mais nada a dizer. São verdadeiras prisões da razão humana. E, no entanto, nas universidades são apenas estas doutrinas que são ensinadas aos estudantes, e que passam como tendo credibilidade científica.
O caso da Economia é a este respeito significativo. De origem protestante e anglo-saxónica (Adam Smith, Escócia, 1776), a Economia tem hoje 51 Prémios Nobel, naturalmente todos homens. Aquilo que não é nada natural é que, desses 51, 34 sejam americanos, 8 ingleses, 2 noruegueses, 2 suecos, 1 alemão, 1 israelita, 1 russo, 1 holandês e 1 francês. Não existe um único dos países predominantemente católicos do sul da Europa e da América Latina. A razão é que nunca foi desenvolvida uma teoria económica do catolicismo e os economistas são formados na única tradição que existe, que é a tradição protestante.
O caso da sexualidade é outro exemplo. Existe obviamente uma teoria sexual do catolicismo e nos últimos dias eu procurei expô-la com a clareza possível. É uma sexualidade extraordinária, cheia de romance, de tensão, de racionalidade e de aventura. Mas os ensinamentos sexuais que os jovens hoje recebem em Portugal e que, mais tarde, eles próprios procuram, através de livros, revistas e até de filmes, são de inspiração essencialmente protestante. Os temas são "Como excitar uma mulher", "Como provocar um orgasmo num homem", "O sexo anal", etc. É óbvio que quem aprender assim, em abstracto, pelos livros, nunca vai ter uma sexualidade satisfatória. Não existem regras abstractas do "bom sexo". A sexualidade faz-se entre duas pessoas, e esse par de pessoas é diferente de qualquer outro par de pessoas. A sexualidade é concreta, aquilo que funciona entre duas pessoas, não funcona necessariamente entre outras duas. A verdadeira e boa sexualidade aprende-se vivendo-a, praticando-a.
Gostaria de terminar com uma referência aos filmes pornográficos. São normalmente produções de cultura protestante, americanas, inglesas, alemãs, holandesas. Raramente são produções de países católicos, em parte porque um casal de cultura católica que se preze não precisa daquilo para nada. E os filmes pornográficos reflectem bem aquilo que é a sexualidade protestante. Não há romance, não há afecto, não há razão, é meia-bola e força e directo ao assunto, normalmente com o homem a fazer figura e a mulher a aguentar. É uma sexualidade de adolescente e uma sexualidade que é verdadeiramente degradante para a mulher. Feita entre dois animais, não seria diferente.
Sem comentários:
Enviar um comentário