Espanta-me a adesão incondicional de algumas pessoas da direita dita liberal à liderança de Pedro Passos Coelho. A não ser que se tratem de adesões comprometidas, nada as justifica com as doses de entusiasmo excessivo a que tenho assistido. Na verdade, qualquer cidadão de direita liberal tem uma posição de princípio de reserva e de cautela em relação ao poder e aos seus protagonistas, e não se consegue compreender porque há-de Passos constituir uma excepção. Por enquanto, para além de uma meia-dúzia de discursos e de entrevistas, onde nem sempre o que é lido e ouvido é entusiasmante, Passos ainda nada fez, até pela simples razão de que nada poderia ter feito. Por isso, manda a prudência, até para se precaverem barretes como alguns – por sinal bem fundos – enfiados, no passado, por muitos dos agora seus mais agueridos apoiantes, que se use de algum critério e de uma certa exigência. Por enquanto, o que Passos nos tem oferecido como líder do PSD não é sequer de modo a confirmar esses entusiasmos. Apresentou-nos uma equipa com algumas figuras mais do que duvidosas para liderar o partido, abrandou o que parecia inovador no seu discurso político, e já começa a entaramelar a voz quando lhe perguntam sobre o seu programa de privatizações. Passos merece um voto de confiança? Sem dúvida. Mas de confiança cautelosa e exigente, e não de confiança cega, acrítica e pueril. Por ora, o que lhe deve ser pedido é que prove ser merecedor da confiança que nos pede. Os entusiasmos e as proclamações enfáticas podem esperar, pelo menos, até que ele tenha feito alguma coisa que se veja no partido e no país. Nessa altura veremos se fez bem, se fez mal.
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