A bolsa portuguesa encontra-se hoje em forte queda, ao contrário do resto da Europa que regista pequenas valorizações. A razão é a nova subida das yields portuguesas, que nas emissões a dez anos já vai em 5,2%, cerca de 220 pontos base acima da congénere alemã. Ora, no caso português, estando preocupado com as contas do Estado, não estou tanto como no caso da Grécia. Sem prejuízo do facto de no nosso país as despesas terem de baixar, coisa que, ainda acredito, acontecerá por pressão externa e porque os nossos políticos não quererão seguir o exemplo grego. Assim, parece-me natural que certas medidas adoptadas na Irlanda e, também, na Grécia serão reproduzidas em Portugal, em linha com o que tenho defendido nos últimos meses.
No entanto, no que diz respeito às empresas privadas, estou ainda mais preocupado. De acordo com a Morgan Stanley, o endividamento do sector privado em Portugal é de 189% do seu capital próprio, muito superior ao que se passa na Grécia onde o mesmo indicador revela uma leitura de apenas 82% e extraordinariamente acima do que é recomendado nos manuais de gestão (40%). Assim, a subida das yields portuguesas terá como consequências a progressiva redução do volume de crédito concedido às empresas (há vários meses que já está a ter) e o aumento do custo (spread) associado à sua concessão. O resultado final será o aumento das falências e do desemprego, pois as empresas privadas que se habituaram a viver na estratosfera, a fim de alavancar pequenas margens operativas em lucros para os seus accionistas, serão forçadas a emagrecer e a vender activos ou a fechar. Enfim, isto está mau. Mas a única solução é continuar a reduzir na despesa. A começar no Estado e a acabar nas empresas. Só assim poderemos começar de novo.
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