03 março 2010

sem saída

No post anterior eu referi-me à necessidade de abandonarmos a União Europeia e quanto mais depressa melhor. Gostaria de elaborar sobre este argumento.

A União Europeia surgiu depois da Segunda Guerra Mundial e o cimento que uniu a sua fundação era um cimento muito forte - salvaguardar a paz entre nações até aí desavindas. Abrindo as suas respectivas sociedades reciprocamente às trocas económicas e aos movimentos das populações, reduzia-se o risco de uma nova Guerra. Este cimento, com o tempo, desapareceu e foi substituído por um outro muito mais frágil - o interesse económico das nações.

Não é possível construír uma comunidade sólida e duradoura - nem mesmo uma família - com base no interesse económico. Por isso, a União Europeia acabará por se desagregar. O mesmo vale para a globalização, a ideia de estabelecer uma comunidade mundial assente no interesse económico.

O único cimento capaz de unir uma comunidade sólida e duradoura é aquele que a Igreja Católica prescreve - o amor ao próximo. É assim que está fundada a família e é assim que se fundam outras comunidades sólidas e duradouras, incluindo a comunidade universal. O catolicismo é, de resto, a única comunidade que, desde há séculos, mais próximo está de vir a ser uma verdadeira comunidade universal - cerca de 1.2 mil milhões de fieis espalhados pelo mundo.

E foram os portugueses a nação que mais contribuiu para isso, e utilizando a prescrição da Igreja - amor ao próximo ou caridade. Foi assim, com simpatia, amizade, cordialidade, flexibilidade, humanidade, casando e procriando por onde havia mulheres para casar e para procriar que os portugueses mais contribuiram para expandir a universalidade católica. Os espanhóis foram uns distantes segundos neste aspecto porque, possuindo uma força militar que os portugueses não tinham, frequentemente substituiram todas essas qualidades pela espada.

Tem-se dito que o nosso abandono do euro, e mais ainda da União Europeia, seria uma catástrofe, porque os mercados financeiros iriam reagir muito mal. Eu estou convencido do contrário. Aquilo que os mercados mais apreciam é seriedade de propósitos e cumprimento das promessas. E o caminho que nós estamos a trilhar é um caminho pejado de mentiras, tal como a Grécia e a Espanha. Mas alguém, no seu perfeito juizo, acredita que a Grécia vai reduzir o seu défice orçamental, no meio de uma enorme recessão, de 12% para 3% do PIB em dois anos, e isto se não existirem mais mentiras ocultas nas suas contas públicas? É este o caminho que nós estamos também a percorrer - o caminho da mentira e da decepção, das promessas feitas e não cumpridas.

Certamente que eu não proponho que saiamos da União Europeia cortando todas as relações, e menos ainda, como uns safados, que estiveram lá para comer a carne e agora abandonam os ossos. Aquilo que proponho é que saiamos com honorabilidade, indemnizando a União de todo o dinheiro que ela nos deu, descontados os custos da adesão e permanência, e que o façamos com juros. Um grupo de economistas de parte a parte chegaria rapidamente ao valor devido, e o pagamento seria escalonado por 20 ou 30 anos. E continuaríamos amigos como dantes.

Seria um tremendo impulso na auto-estima dos portugueses, que agora seriam livres outra vez para tratar da sua própria vida, e reconstituir as sua comunidades locais e os seus empregos, repondo a economia na via de crescimento. Os mercados financeiros iriam festejar. Na situação actual é que eles não festejam por certo, porque já deu para ver que o caminho actual é um beco sem saída.

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