O fenómeno é tão estranho à nossa tradição que nem temos palavra própria para o descrever. Temos de recorrer ao estrangeiro: bullying (de bull, touro). Na comparação que tenho vindo a fazer das socieconomias entre três países imaginários - socialista, liberal e católico -, eu tenho procurado manter a discussão ao nível puramente abstracto, com o objectivo de descrever essas socieconomias em forma pura ou como paradigmas, e sem qualquer referência concreta. É altura de fazer a primeira aplicação. Como é que cada uma dessas sociedades, na sua forma pura, lidaria com o fenómeno do bullying?
Primeiro, é claro, é necessário definir precisamente aquilo de que estamos a falar. O bullying é aquele fenómeno em que um matulão (ou grupo de matulões), aproveitando-se do seu poder físico (ou de grupo) maltrata e abusa outras pessoas. Ocorre frequentemente na Escola, entre adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer outro local (emprego, etc.). É uma forma de abuso do poder (físico ou de grupo).
Passo agora à descrição.
No país socialista, a principal instituição educativa é o Estado. Se existem na sociedade comportamentos inaceitáveis por parte dos cidadãos, a responsabilidade pertence ao Estado democrático e, em última instância, a quem ele representa - a sociedade. Compete, portanto, à sociedade, através do Estado, corrigir esses comportamentos. A solução para o problema do bullying consiste, portanto, em melhorar o sistema de educação, em última instância, inscrevendo nos programas de ensino a disciplina de Bullying onde são tratadas as diferentes matérias relativas aoo fenómeno, e os jovens desencorajados de o praticar.
O país liberal acredita na responsabilidade individual e, portanto, atribui a responsabilidade do bullying não à sociedade, mas directamente aos seus autores. Mas o país liberal também acredita nas soluções sociais espontâneas, aquelas que resultam do livre entendimento entre as pessoas, e desconfia fortemente da autoridade, a qual - na sua versão extrema do anarquismo - deveria mesmo desaparecer. Portanto, no país liberal, é preciso falar com os bulls, tentar persuadi-los por argumento racional e, em última instância, à maneira do homem de negócios, striking a deal with them (v.g., se vocês não maltratarem ninguém, no final do ano oferecemo-vos um prémio monetário por bom comportamento).
O país católico lida com os abusos de poder, em última instância, pela violência (Cat: 2242, transcrito aqui). Os bulls normalmente não se fazem na escola. Começam a fazer-se na família, com o irmão mais velho a bater no irmão mais novo, o jovem adolescente encorpado a fazer troça das ordens que a mãe lhe dá, ou a maltratar a empregada doméstica. E como é que se lida com esta situação na família? Colocando à frente do bull um bull ainda maior - o pai. Se o bull persistir nos seus comportamentos, apanha dois borrachos do pai e o assunto está resolvido. Na escola, a solução não é diferente. É colocar em frente aos bulls um grupo de contra-bulls ainda maior que lhes barrem o caminho. E se eles insistirem, que lhes preguem uma coça.
Primeiro, é claro, é necessário definir precisamente aquilo de que estamos a falar. O bullying é aquele fenómeno em que um matulão (ou grupo de matulões), aproveitando-se do seu poder físico (ou de grupo) maltrata e abusa outras pessoas. Ocorre frequentemente na Escola, entre adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer outro local (emprego, etc.). É uma forma de abuso do poder (físico ou de grupo).
Passo agora à descrição.
No país socialista, a principal instituição educativa é o Estado. Se existem na sociedade comportamentos inaceitáveis por parte dos cidadãos, a responsabilidade pertence ao Estado democrático e, em última instância, a quem ele representa - a sociedade. Compete, portanto, à sociedade, através do Estado, corrigir esses comportamentos. A solução para o problema do bullying consiste, portanto, em melhorar o sistema de educação, em última instância, inscrevendo nos programas de ensino a disciplina de Bullying onde são tratadas as diferentes matérias relativas aoo fenómeno, e os jovens desencorajados de o praticar.
O país liberal acredita na responsabilidade individual e, portanto, atribui a responsabilidade do bullying não à sociedade, mas directamente aos seus autores. Mas o país liberal também acredita nas soluções sociais espontâneas, aquelas que resultam do livre entendimento entre as pessoas, e desconfia fortemente da autoridade, a qual - na sua versão extrema do anarquismo - deveria mesmo desaparecer. Portanto, no país liberal, é preciso falar com os bulls, tentar persuadi-los por argumento racional e, em última instância, à maneira do homem de negócios, striking a deal with them (v.g., se vocês não maltratarem ninguém, no final do ano oferecemo-vos um prémio monetário por bom comportamento).
O país católico lida com os abusos de poder, em última instância, pela violência (Cat: 2242, transcrito aqui). Os bulls normalmente não se fazem na escola. Começam a fazer-se na família, com o irmão mais velho a bater no irmão mais novo, o jovem adolescente encorpado a fazer troça das ordens que a mãe lhe dá, ou a maltratar a empregada doméstica. E como é que se lida com esta situação na família? Colocando à frente do bull um bull ainda maior - o pai. Se o bull persistir nos seus comportamentos, apanha dois borrachos do pai e o assunto está resolvido. Na escola, a solução não é diferente. É colocar em frente aos bulls um grupo de contra-bulls ainda maior que lhes barrem o caminho. E se eles insistirem, que lhes preguem uma coça.
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