Em trinta e seis anos de existência, o PSD só por duas vezes esteve unido sem contestar o chefe: com Francisco Sá Carneiro após a vitória da AD e com Cavaco Silva depois da sua primeira maioria absoluta. Fora esses dois momentos, o primeiro que durou pouco mais de um ano e o segundo que atingiu a olímpica meta de oito, o PSD esteve sempre envolvido em trapalhadas, conspirações contra o chefe e contestações para todos os gostos e paladares. São, pelo menos, vinte e cinco anos de gloriosas trapalhadas que não terminarão certamente com a eleição próxima de Passos Coelho ou de Paulo Rangel (Castanheira Barros está excluído à partida), tão-pouco com a norma de cortiça que Santana Lopes, num momento de regressão política, fez aprovar no extraordinário Congresso Extraordinário do fim de semana passado. O que seria, portanto, natural é que o PSD se desmembrasse em tantos partidos quantos os grupúsculos que o compõem. Era já muito boa altura de isso acontecer. Mas, na falta dessa higiénica medida, o que tem sucedido de há quinze anos para cá é a migração dos votos para o PS e para o CDS. À esquerda, mesmo com todos os escândalos e fracassos da governação socialista, a tendência não parece esmorecer, e à direita, com Portas, a coisa só poderá agravar-se. De todo em todo, o que sobrará do partido quando as suas “elites” perceberem que o próximo líder não está fatalmente ungido para ser primeiro-ministro de Portugal é uma incógnita. Veremos quem ficará então para lamber as feridas.
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