19 fevereiro 2010

Small




Um livro para o tempo presente: E. F. Schumacher, Small is Beautiful (1973).
Schumacher escreve na tradição católica de Hilaire Belloc. Construindo a sua Doutrina Social a partir de três pilares essenciais - o personalismo, a solidariedade e a subsidiaridade - a Igreja Católica põe o ênfase nas instituições e nos processos sociais onde todos se conhecem, como a família, as associações, as cooperativas as empresas, as freguesias e as paróquias, o pequeno mercado local e a democracia local, ao mesmo tempo que coloca sérios limites a estas instituições e processos quando eles crescem em tamanho e em extensão (v.g., a grande sociedade anónima multinacional, o mercado globalizado, o grande Estado burocrático) ao ponto de se tornarem impessoais.
A impessoalidade - essa heresia protestante que substitui a pessoa pelo indivíduo, aquilo que é diferente no homem por aquilo que ele tem de igual, a qualidade pelo número - não é aceitável para a Igreja. Acontece que são as grandes instituições impessoais, como a empresa multinacional e o Estado-Providência, a democracia à escala nacional e mesmo internacional (v.g., União Europeia) e o mercado globalizado, que prevalecem na economia e na sociedade moderna. A Igreja não os condena em absoluto, mas impõe-lhes sérias reservas e aponta-lhes muitos defeitos.
As instituições para serem pessoalizadas têm de ser pequenas. Os processos sociais (mercado, democracia, etc.) para serem pessoalizados têm de ser locais. Pode, por isso dizer-se que, no âmbito da Doutrina Social da Igreja, Small is Beautiful.

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