Li hoje no Jornal de Negócios as conclusões de um estudo realizado por um docente da Universidade do Minho, Manuel Caldeira Cabral - que, além da UM, colaborou no programa de governo do PS - e de uma funcionária do Ministério das Finanças, Joana Almodôvar, acerca das grandes obras públicas e sua repercussão na economia portuguesa. A investigação levada a cabo centra-se em quatro pontos essenciais: por um lado, o impacto de cada projecto na dívida pública e no endividamento externo; e por outro lado, o impacto de cada projecto no crescimento económico e no emprego. As conclusões do estudo são curiosas: com excepção do investimento em equipamentos de energia - presume-se que renováveis! -, todas as outras rubricas de investimento conduzem a aumentos nos quatro (!) pontos da avaliação. Ou seja, aumenta a dívida e o endividamento, mas também aumentam o crescimento e o emprego. Bestial!
Enfim, confesso que não entendi, nem o propósito nem o objectivo, daquele estudo que, ao contrário do que pretendia demonstrar, nada permite concluir. E fiquei ainda mais estupefacto com a metodologia utilizada, pois ainda há dias estive a analisar um estudo sobre o mesmo tema - obras públicas nos EUA - que, esse sim, foi feito como deve ser. Ou seja, analisando o efeito multiplicador, o que se investe face ao retorno futuro, dos ditos projectos no PIB norte-americano. A conclusão do estudo ("Policies for Increasing Economic Growth and Employment in 2010 and 2011"), publicado em Janeiro deste ano pelo Congressional Budget Office, o equivalente à nossa Direcção Geral do Orçamento, foi a seguinte: em média, o efeito multiplicador no PIB associado às grandes obras públicas é negativo em 10%.
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