22 janeiro 2010

utopia


A entrevista desta noite de Pedro Passos Coelho ao Mário Crespo foi bem conseguida. Uma coisa parece óbvia, Passos Coelho fez bem em escrever o livro. Por uma simples razão: a escrita liberta a mente, estrutura raciocínios, solta a palavra. Assim, não me surpreendeu que o discurso do candidato à liderança do PSD tivesse saído tão fluente, tão natural, tão suave...

Infelizmente, as propostas de Passos Coelho são apenas mais do mesmo. São incrementais. Não resolvem. Podem atenuar alguns problemas, mas não os resolvem. E esse é que é o drama. O horror, como diria Albarran. Tudo continuaria, mais ou menos, na mesma. De resto, é neste ponto que eu estou em profundo desacordo com o Pedro Passos Coelho: a utopia, que ele tanto critica, é crucial, pois é a utopia que cria o mundo imaginário no sentido do qual devemos caminhar. Pelo contrário, o pragmatismo conduz apenas ao centrão que, em definitivo, não conduz a coisa alguma. Em suma, na minha opinião, essa história de o político ter de saber aquilo que é politicamente realizável, ou não, é uma treta. Os passos podem ser incrementais. Mas a política, e a visão, não.

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