Ano novo, vida nova! Pelo menos, assim parece nos corredores da política nacional...
Ameaçados pelo exemplo externo - a Grécia -, o Parlamento português prepara-se para um pacto de Estado a fim de reduzir o endividamento da nossa República. Infelizmente, a discussão não será fácil. Por um lado, temos o PS, que está contrariado. Por outro lado, temos o PSD, que está avariado. E, pelo meio, temos ainda o CDS, que está entremeado.
Em face das exigências externas, os ajustamentos serão dramáticos. A despesa pública em Portugal consome hoje cerca de metade do PIB - mais do que devia. E, quanto a impostos, embora a taxa de esforço fiscal (que relaciona impostos e rendimentos) coloque os portugueses entre os mais penalizados da Europa, a verdade é que a nossa carga fiscal - o indicador mais consensual entre os políticos - representa apenas 36% do PIB e está abaixo da média europeia, legitimando, assim, a introdução de mais impostos. Ora, a respeito de tudo isto, o BPI anunciou ontem as conclusões que a sua própria equipa de economistas realizou, a fim de "contribuír para o debate". Na apresentação, Fernando Ulrich afirmou que "Portugal não será a próxima Grécia. Fomos mais rigorosos que os gregos". Porém, apesar da impetuosidade das suas palavras, habituais em Ulrich, o facto é que nenhum dos cenários apresentados pelos economistas do BPI é animador.
Estima o BPI que o endividamento actual da economia portuguesa, que incluindo os custos com parcerias público-privadas é de 100% do PIB, crescerá para 400% do PIB em 2040. Assim, no sentido de travar esta espiral, a despesa pública do Estado teria de baixar para 36% do PIB a partir de 2020 e os impostos teriam de aumentar para 38% do PIB no mesmo período. Portanto, imaginem só o impacto da combinação destas duas medidas - menos despesa, mais impostos - na vida corrente dos portugueses?! Num país que se habituou a viver à sombra da bananeira, a asfixia seria total. Ou seja, não há tempo a perder e o Estado não pode esperar por 2020 para iniciar uma nova era de frugalidade, tem de ser já! Mas enfim, apesar de tudo isto, continuamos a pensar no TGV e afins, planeando o tal pacto, porém, só mais lá para a frente! O que esta gente não entende é que vem aí um novo Tratado de Versalhes...dirigido a nós. Oxalá, os alemães não sejam vingativos!
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