15 dezembro 2009

O futuro da política: ideologia


"Who is Nicolas Sarkozy? The answer depends on when you study him. Is he the man elected President in May 2007, who immediately set out to lower income taxes, scrap France's 35 hour workweek, revoke special privileges for public transport workers, and harangue employees to 'work more to earn more'? Or is he the leader who in the past year has slapped down greedy bankers, fumed at the U.S. and British resistance to French plans for strict new regulations of the global finance sector, and preached the gospel of 'moralizing capitalism'? Is he the man, a son of a Hungarian immigrant, who, newly elected, challenged French pretense of color blind égalité by arguing for American style affirmative action? Or is he the leader who, facing critical regional elections next March, has begun openly courting voters of the extreme right National Front with a crackdown on illegal aliens and a divisive national debate on immigration and French identity", revista Time (14/12/2009)

O texto anterior ilustra na perfeição a natureza contraditória que está associada à personalidade do Presidente francês e que, segundo um ex-assessor de Nicolas Sarkozy, também citado no artigo, se caracteriza por "Zero conviction and fidelity - except to himself". Enfim, há muito que tento decifrar este homem. A minha primeira impressão - que, regra geral, é a melhor - foi negativa. Mas, desde então, também já me aconteceu elogiá-lo, nomeadamente numa iniciativa recente que tinha como objectivo abolir um imposto local sobre as empresas (que acabou por não ser aprovada). Contudo, no balanço - já não tenho grandes dúvidas -, o Presidente francês representa o paradigma do político actual: oportunista e sem apego à ideologia de base. Curiosamente, Sarkozy é o "role model" assumido de José Sócrates!

Ora, como já tive oportunidade de aqui escrever, eu sou da opinião que, no estado actual da política - e do descrédito popular que pende sobre os políticos -, a melhor arma eleitoral será o regresso à ideologia e a rejeição do centrismo. Por exemplo, é isso que, nos Estados Unidos, o Partido Republicano está a fazer - embora o seu modelo de "litmus test" seja uma idiotice -, ou seja, está a rodear-se de candidatos a cargos políticos que partilhem uma base ideológica que, por sua vez, represente o quadro de valores do seu eleitorado base. A razão é simples: nesta época de incerteza e cinzentismo político, as pessoas querem líderes, apaixonados e convictos das suas ideias. De resto, estou convencido que foi essa componente ideológica que, nas últimas legislativas portuguesas, mais contribuiu para beneficiar o CDS, prejudicando o PSD.

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