A cerimónia de ontem do Nobel da Paz foi uma tristeza. Apesar da minha simpatia pelo Presidente Barack Obama, a quem o mandato não está a correr particularmente bem - embora fosse de esperar um arranque difícil, em face do molho de bróculos que Bush lhe deixou - julgo que, Obama cometeu um erro enorme em aceitar o prémio. A atitude certa teria sido rejeitar o Nobel da Paz, coisa que, acredito, teria sido encarada como coerente, logo, bem percepcionada a nível mundial. Por várias razões.
Primeiro, o básico: não se pode dar um Nobel da Paz ao Comandante Supremo de um exército em guerra. Quer queiramos quer não, Obama é responsável último - como o próprio afirmou na cerimónia de ontem - pela morte dos seus próprios soldados e dos seus inimigos.
Segundo, mais importante ainda, não é aceitável - mesmo que através de palavras eloquentes, gostei muito daquela alusão aos exércitos de Hitler! - que se tente inverter o ónus moral da guerra. Porque guerra é guerra. Sobretudo, quando, nomeadamente no Iraque - uma invasão ilegal -, não existe qualquer base que justifique a superioridade moral ou a "self righteousness" reclamada por Obama ontem em Oslo.
Em suma, o homem errado no local errado. Ainda para mais, uma presença tímida, envergonhada, desrespeituosa em relação ao protocolo habitualmente adoptado naquela cerimónia. Descredibilizou-se.
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