A passagem de testemunho n'O Público está a gerar alguma polémica, em particular na tomada de posição da nova directora do jornal, Bárbara Reis, segundo a qual os editoriais, de agora em diante, deverão expressar a opinião do jornal e não a opinião do director. A exemplo do que o Gabriel aqui escreve, não estou certo de que aquela seja a opção certa. E, também, concordo que a linguagem adoptada neste início de um novo rumo podia ter sido um bocadinho mais elegante para com José Manuel Fernandes que, no global, fez um bom trabalho na condução do jornal.
Quanto aos editoriais, eu prefiro-os assinados pelo jornalista que o escreveu. Por duas razões. Primeiro, porque detesto o anonimato - desde o absoluto ao apenas ligeiro. Segundo, porque não acredito que um comité editorial possa alcançar a contundência opinativa necessária a qualquer bom editorial. De resto, é por isso que, em geral, os espaços editoriais rodam individualmente entre vários jornalistas: para assegurar a diversidade de opinião. Há, contudo, notáveis excepções. O caso da revista "Sábado" é um desses casos. O editorial é assinado pela Redacção, mas os textos são quase sempre poderosos. Oxalá, o Público consiga reproduzir essa força. Uma coisa é certa: a forma como José Manuel Fernandes mordeu os calcanhares ao Governo de Sócrates - aqui e acolá, porventura, de forma excessiva - não deve ser encarado como um ónus. Pelo contrário, esse historial de independência é um activo que, sem ser levado ao exagero, deve ser preservado.
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