O que está a acontecer na Justiça portuguesa é uma revolução das bases contra o topo da pirâmide, ou seja, contra o aparelho político-partidário que influencia directamente o mau funcionamento dos tribunais.
A história começa assim: fartos de se verem desqualificados como o elo mais fraco do sistema judiciário, os magistrados do Ministério Público - com a preciosa ajuda da PJ - decidiram revoltar-se contra os mais altos representantes da Justiça: a Assembleia da República e outros órgãos do Estado e, também, a título simbólico, contra o Procurador Geral da República e o Supremo Tribunal de Justiça.
Em Portugal, convenhamos, generalizou-se a ideia de que é na política que está a grande corrupção económica e moral. Há muito que os rumores e a má língua circulam a grande velocidade e percorrem a sociedade civil de forma transversal. Toda a gente se habituou a comentar, sempre à boca fechada e quase sempre sem condenações efectivas. Mas ei que, subitamente, os abusos - e as críticas contra o mau funcionamento da Justiça - se tornaram tão gravosos quanto intoleráveis e injustos, dando origem aos mega casos que têm impressionado pelo seu mediatismo. Primeiro, o caso Casa Pia. E, desde então, muitos outros. Porquê? Porque aqueles que, diariamente, lidam com as frustrações associadas a um regime inimputável "encheram o saco" e decidiram valer-se de todos os meios para atingir os fins! Meus caros, o que estamos a observar é muito simples: as bases estão a dar o grito do Ipiranga.
Esta é uma guerra, de certo modo, ideológica. Entre aqueles que querem fazer Justiça - a todo o custo - e aqueles que se servem da Justiça - com todo o proveito. Em teoria, eu preferiria que nem todos os meios valessem os fins. Porém, dada a mexicanização da nossa sociedade, talvez seja um mal necessário. O problema, como sempre, é a forma como "os males necessários", movidos por intenções genuinamente bondosas, depois, se degeneram em coisas que não têm nada a ver, o que, para aqueles que viveram o sonho de Abril e acordaram agora para a realidade do país, parece ser a triste sina dos portugueses. Enfim, vivemos tempos e escolhas difíceis.
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