A guerra no Afeganistão e no Iraque continua a fazer vítimas todos os dias, em especial entre as tropas norte-americanas e britânicas. A situação torna-se cada vez mais insustentável e dificilmente os governos ocidentais conseguirão manter a opinião pública sob controlo.
Contudo, no Iraque, onde os EUA construiram a maior embaixada norte-americana em todo o mundo, as forças ocupantes deverão manter-se - na maior impunidade do direito internacional - independentemente do número de vítimas. A razão é simples: a presença no Iraque é estratégica no contexto dos interesses petrolíferos e militares que a América tem na zona em conjunto com os seus aliados regionais (Arábia Saudita, Koweit, Qatar e outros que tais) e que, ao mesmo tempo, serve também para intimidar o Irão.
Pelo contrário, no Afeganistão, onde, apesar de tudo, os EUA até tiveram, inicialmente, razão para (contra)atacar, aos olhos da opinião pública, começam a não existir razões estratégicas para lá permanecer. Primeiro, porque os taliban, embora não tenham sido derrotados, foram arredados do poder onde agora se encontra um governo patrocinado pelos EUA. Segundo, porque a verdadeira preocupação norte-americana naquele país resume-se à vigilância e controlo da fronteira do Afeganistão com o Paquistão, porventura, o maior barril de pólvora no mundo. Contudo, esse é em primeiro lugar um problema do Paquistão, que decididamente não o pretende ou não o consegue resolver.
Uma coisa me parece certa: histórias como esta que o The Sun, um jornal populista, nos relata, vão contribuindo para que cada vez mais as pessoas se interroguem "Mas que raio estamos lá a fazer?". É que no Iraque ainda se pode manipular a opinião pública com o argumento Irão. Já no Afeganistão é difícil argumentar com o tema Paquistão - as pessoas não entendem nem querem saber do assunto.
E, pronto, assim se chega a uma situação catastrófica. Onde os EUA/RU não deveriam estar - no Iraque - vão permanecer. Onde, apesar de tudo, deveriam permanecer - no Afeganistão - vão retirar. É só uma questão de tempo. Enfim, teorias idiotas - como o conceito da guerra preventiva ("pre-emptive") - dão nisto.
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