20 outubro 2009

Birras


Nos últimas dias, a batalha entre a Impresa de Pinto Balsemão e a Ongoing de Nuno Vasconcellos subiu de tom. Durante o fim de semana, o Expresso dedicou-se a expôr a alegada teia de interesses - obscuros - em redor da Ongoing. Em resposta, ontem e hoje, o Diário Económico contratacou expondo as supostas fragilidades financeiras do grupo de Balsemão. Pelo meio, também o Jornal de Negócios decidiu dar uma bicada no seu concorrente directo - o DE - tal como o Público já o havia feito antes.

Sejamos claros: a Ongoing, dada a sua alavancagem financeira, pode rapidamente tornar-se um castelo de cartas. Mas actua dentro das regras estabelecidas. Ou seja, as participações cruzadas com fornecedores e clientes são prática comum por esse mundo fora. O que não quer dizer que sejam sempre éticas nem que, a prazo, sejam sempre sustentáveis. Porém, essa sustentabilidade não está nas mãos da Ongoing que, já se percebeu, tem grandes ambições na comunicação social em Portugal e no estrangeiro. Esse risco está no BES e na PT, que são as entidades que permitiram o crescimento da holding de Nuno Vasconcellos e que agora tratarão de gerir o seu ímpeto empresarial.

Quanto à polémica que o Expresso e o DE continuam a alimentar, faz lembrar uma birra de família, da qual ninguém sai beneficiado. Era preferível que os dois dessem um passo atrás, reflectissem e que enterrassem o machado de guerra. Sendo certo que a Impresa é um grupo que reúne publicações de reconhecida qualidade, também é certo que os incumbentes têm de ser desafiados e que a concorrência nunca fez mal nenhum. Desde que seja dentro das regras.

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