19 outubro 2009

alcazar

Lamento ter de discordar do João Gonçalves sobre a personalidade política do General Ramalho Eanes. Homem austero e decente poderá sê-lo na privacidade do lar e junto dos amigos e familiares. Politicamente, por mais que o João insista, e enquanto Presidente da República, foi o mais próximo que tivemos do célebre General Alcazar, esse ícone da latinidade político-militar sul-americana. Eanes cedeu à tentação de impor o poder militar sobre o poder civil protelando o fim do Conselho da Revolução, encostou-se ao Partido Comunista e ao Grupo dos Nove, sabotou o governo de Francisco Sá Carneiro (esse, sim, um homem decente), inspirou uma cisão no grupo parlamentar do PSD que ficou reduzido a menos da metade (donde sairiam, mais tarde, alguns dos venturosos quadros do PRD), tentou fazer o mesmo ao PS e a Mário Soares, e, last but not least, pariu um aborto político a partir da Presidência chamado PRD. Uma vez saído da presidência e obrigado a assumir a presidência do seu nado-morto (para onde tinha inicialmente enviado a sua Senhora e o Eng.º Martinho), esfumou-se no ar, para não mais voltar. Infelizmente para ele, e em benefício de Alcazar, não consta sequer que fumasse umas charutadas.

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