Há trinta e cinco anos anos, nos Estados Unidos da América, no dia 9 de Agosto de 1974, caía um Presidente por tentativa provada de espiar e de escutar os dirigentes de um partido da oposição. Dois jornalistas despoletaram o caso, investigaram-no a fundo, publicaram o que foram descobrindo, e a opinião pública e as instituições americanas fizeram o que faltava, obrigando Nixon a demitir-se.
Por cá, trinta e cinco anos depois, as suspeitas de um Presidente da República ter estado sob escuta – ainda por cima, ao que parece, tendo a hipótese sido suscitada pelo próprio - são vistas como um affaire de campanha eleitoral, ao qual ninguém liga especialmente, a não ser para jogar como trunfo na mesma campanha.
Sejam ou não verdade as ditas escutas, o que aqui mais interessa realçar é a diferença de atitudes. Há trinta e cinco anos, a sociedade americana não tolerou que um Presidente que lhe mentiu e que quebrou a respeitabilidade e a honradez da Administração continuasse em funções. Em contrapartida, contam os seus biógrafos, o que mais torturou Nixon foi a vergonha de ter desonrado a Administração e os EUA. Trinta e cinco anos mais tarde, em Portugal, o assunto esgota-se como tema de campanha.
Consta que, na altura, Mao Tze-Tung, o presidente chinês com quem Nixon estabelecera uma excelente relação de cordialidade, terá comentado, ao explicarem-lhe os motivos da demissão: “Mas, afinal, os gravadores servem para quê?” É estranho que, por cá, ninguém tenha dito ainda uma graça do género.
P.S.: Afinal, já depois de terminado o post, reparei que Couto dos Santos e João de Deus Pinheiro, duas das mais apuradas inteligências que andam pelo PSD, comentaram o assunto. Diz o primeiro: "os políticos que perdem tempo com essa espuma eleitoral não estão preocupados com os problemas essenciais do país". Acrescenta o segundo: "Isto serve apenas para distrair as atenções dos problemas que afectam gravemente os portugueses". Inteligências raras!
Por cá, trinta e cinco anos depois, as suspeitas de um Presidente da República ter estado sob escuta – ainda por cima, ao que parece, tendo a hipótese sido suscitada pelo próprio - são vistas como um affaire de campanha eleitoral, ao qual ninguém liga especialmente, a não ser para jogar como trunfo na mesma campanha.
Sejam ou não verdade as ditas escutas, o que aqui mais interessa realçar é a diferença de atitudes. Há trinta e cinco anos, a sociedade americana não tolerou que um Presidente que lhe mentiu e que quebrou a respeitabilidade e a honradez da Administração continuasse em funções. Em contrapartida, contam os seus biógrafos, o que mais torturou Nixon foi a vergonha de ter desonrado a Administração e os EUA. Trinta e cinco anos mais tarde, em Portugal, o assunto esgota-se como tema de campanha.
Consta que, na altura, Mao Tze-Tung, o presidente chinês com quem Nixon estabelecera uma excelente relação de cordialidade, terá comentado, ao explicarem-lhe os motivos da demissão: “Mas, afinal, os gravadores servem para quê?” É estranho que, por cá, ninguém tenha dito ainda uma graça do género.
P.S.: Afinal, já depois de terminado o post, reparei que Couto dos Santos e João de Deus Pinheiro, duas das mais apuradas inteligências que andam pelo PSD, comentaram o assunto. Diz o primeiro: "os políticos que perdem tempo com essa espuma eleitoral não estão preocupados com os problemas essenciais do país". Acrescenta o segundo: "Isto serve apenas para distrair as atenções dos problemas que afectam gravemente os portugueses". Inteligências raras!
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