14 setembro 2009

senso comum

A existir alguma certeza em política e em economia ela é a de que as certezas não existem. Fossem elas possíveis, por antecipação, e os inúmeros príncipes virtuosos que nos têm governado, sobre quem devemos sempre presumir a bondade e honestidade de propósitos, já nos teriam levado, há muito, ao nirvana.

A verdade, porém, é que, quer em política quer em economia, não podemos nunca determinar antecipadamente as consequências pretendidas das nossas acções. Excepto em certos casos, como bem notou Gut Sorman no seu último livro (A Economia não mente), em que podemos saber, por experiência e erros cometidos, que certos caminhos levam inexoravelmente a maus resultados. Ou seja, há coisas que sabemos que nunca devem ser feitas, embora a probabilidade de acertar em como as coisas devem ser feitas seja muito reduzida.

Isto significa que, por vezes, o poder fica melhor entregue a gente comum, a pessoas vulgares, com vulgar experiência de vida e bom senso, conhecedoras das suas limitações e das limitações do exercício do poder, do que a “talentosos” e carismáticos líderes políticos cheios de certezas e com uma indomável vontade para as concretizar. É do voluntarismo político que costumam vir as maiores desilusões e os mais graves atentados à liberdade. Devemos ter isto presente no próximo acto eleitoral.

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