30 agosto 2009

um país normal

Manuela Ferreira Leite pode estar com reserva mental perante o país e pretender fazer tudo ao contrário do que lhe tem dito. Pode estar nas mãos de gangsters e de bandidos, e ter preenchido as listas de candidatos a deputados com gente saída das trincheiras da Máfia siciliana (círculo da Europa) e da Cosa Nostra (círculo do Resto do Mundo). Pode estar, neste preciso momento, ao telefone com José Sócrates a preparar o governo do bloco central, e, juntamente com ele, a dividir sordidamente as mordomias da governação. Pode já ter feito uma lista de amigalhaços para colocar na Caixa Geral de Depósitos, na Rádio Televisão Portuguesa, na PT-Telecom, na TAP, e, já agora, no BCP e no BPN, os dois novos bancos do estado português. Tudo isto pode, na verdade, estar ou vir a acontecer. Admito que sim. Mas, muito francamente, não me interessa nada.

O que me interessa, e resultou já do seu discurso de apresentação do programa de governo do PSD, foi que, pela primeira vez na história da nossa democracia, se deu uma clarificação e uma divisão de águas entre os dois principais partidos de governo: o PS que defende o Estado Social, e o PSD que põe em causa o Estado Social e o “estatismo asfixiante” que dele resultou. A partir de agora, se o PSD quiser, os cidadãos portugueses poderão claramente escolher entre esquerda e direita para governar o seu país. Acabaram-se as águas turvas e as meias-tintas do costume. As pessoas passaram a saber que o Estado Social não é o único caminho. E o Partido Socialista, que estava à espera das conversa habitual do centrão, também já o entendeu. Esse passou a ser, de resto, o seu receio principal.

Pode ser que, a partir de agora, comecemos a ser um país politicamente normal.

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