14 agosto 2009

Um grandessíssimo 31


Ao que parece, a ousadia do 31 da Armada saiu cara a pelo menos um dos seus membros, que já foi constituído arguido pelo furto da bandeira municipal. Este episódio evidencia duas coisas. Primeiro, que quem se mete com o PS - seja este o de Coelho, Sócrates ou Costa - leva! Segundo, que a velha República, como muito bem escreveu o Rui a. , tudo fará para disciplinar qualquer desvio que faça perigar a sua débil existência.

A natureza da perseguição criminal que as autoridades decidiram iniciar contra o 31 tem o mesmo significado da brincadeira original: é simbólica. Em face da crescente descrença popular neste regime de democracia indirecta, se a Polícia nada fizesse, gestos como aquele poderiam multiplicar-se rapidamente e, de facto, pôr em causa a legitimidade do sistema.

Felizmente, os portugueses começam a perceber que têm mais a ganhar com a mudança constitucional do que com a manutenção do "status quo" - mas ainda não o admitiram. Para a generalidade das pessoas, Portugal é hoje um país com um custo de vida demasiado elevado, cuja estrutura democrática beneficia apenas uma franja da população - aquela que está encostada ao Estado.

Mas, por enquanto, o português comum ainda não passou das palavras aos actos. E dada a natureza pacífica das nossas gentes demorará a fazê-lo. Por isso, acreditam as cabecinhas pensadoras daqueles que representam o regime incumbente, a rebeldia de alguns não pode ser tolerada de forma alguma, para que isto não acabe tudo num grandessíssimo 31...

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