Isto de fazer caridade política, arranjando lugares elegíveis nas listas de deputados a quem já devia estar no Jardim dos Passarinhos a ler A Bola e a jogar o dominó, tem destes inconvenientes, como, por exemplo, a entrevista de hoje ao i do candidato a deputado do PSD João de Deus Pinheiro. Não se pode dizer que a coisa seja inaproveitável. Pelo contrário, o texto até está escorreito, a fotografia tem estilo, e a “mensagem” seria mesmo pertinente se dita há para aí uns vinte anos. A sensação que transmite, lida nos dias de hoje, é que o venerável Prof. Deus Pinheiro não foi capaz de sair da década de 80, das delicias sensuais das Festas do Champanhe do T-Clube, da estética das calças rouge, e das volúpias do Bloco Central. As memórias são imensamente gratificantes: tudo gente séria e ultracompetente do PS e do PSD, “que punha sempre o interesse nacional acima do interesse partidário”. Acorde, homem! A Dr.ª Manuela Ferreira Leite já disse – já garantiu aos seus eleitores vindouros – que ela nunca viabilizará um governo do Bloco. Nem do de Esquerda, nem do Central, ok? Convinha que pelo menos nestes assuntos nucleares, as figuras mais proeminentes do PSD (os “entrevistáveis”) não dissessem o que lhes salta ao cérebro, e alinhassem a retórica pelo diapasão da líder do partido. A um mês das eleições é o mínimo que se lhes pode pedir.
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