O tema que o Joaquim levantou nos dois posts anteriores (ver aqui e aqui) - acerca da relação do especulador financeiro com a política - é muito interessante. Diria que depende...da jurisdição e dos intervenientes.
Primeiro, uma nota acerca da natureza dos especuladores. A ideia de que estes são inerentemente propensos ao risco é falsa. Na realidade, existem muitos especuladores que são profundamente avessos ao risco! Aquilo que os distingue dos demais é a forma como relacionam risco e recompensa, ou seja, em geral são muito perspicazes na avaliação da rentabilidade marginal do investimento. É aqui que reside o sucesso do especulador: muito retorno associado a risco relativamente reduzido.
Quanto à promiscuidade entre negócios e política, só acontece quando esta última participa de forma activa na vida empresarial do país - infelizmente, o caso de Portugal, onde o Estado, além de jogador, é também (mau) árbitro. Reduza-se o peso do Estado na economia e, rapidamente, todos esses empresários e gestores estrela terão um choque de realidade...porque, afinal de contas, será que é difícil ser Presidente executivo da Brisa ou da EDP?! Será que é difícil gerir empresas que estabelecem contratos leoninos - como aquele dos contentores do porto de Lisboa - à custa dos bolsos fundos do Estado?! Pois claro que não.
Em suma, é a macrocefalia do Estado que gera a promiscuidade e que, a par da incapacidade da Justiça - convenientemente minada pela própria classe política - faz com que, em Portugal, o proveito associado à especulação em redor do sector público seja tão grande...e tão descarado!
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