"At the height of the bubble, a US citizen had to put up aside the equivalent of five and a half years' worth of salary to meet mortgage payments. Right now, that figure is more like three and a half years. In Spain, if housing prices are divided by gross income, it emerges that families have to put aside nearly seven years' worth of wages.", International Herald Tribune de hoje.
Esta informação é muito relevante para nós Portugueses. Por dois motivos. Primeiro, dá-nos uma noção dos preços imobiliários que são de esperar num enquadramento altamente concorrencial (EUA) e num ambiente competitivo mais rígido (Espanha). Segundo, permite-nos comparar com os preços que por cá se praticam, a fim de aferir da sua razoabilidade ou não.
Nos últimos dois anos, tem-se argumentado que em Portugal não se justificam correcções significativas nos preços das casas pela simples razão de que nunca houve uma bolha especulativa no imobiliário nacional. Trata-se de uma tese defendida por todas as entidades técnicas ou profissionais envolvidas na análise do sector - Governo, Banco de Portugal, Imobiliárias e Bancos. Contudo, apesar daquilo que nos contam os técnicos, existe um quase consenso popular que diz o contrário: que as casas estão muito caras. Portanto, afinal de contas, quem é que tem razão?
Em Portugal, o preço por metro quadrado tenderá a aproximar-se do exemplo espanhol, citado anteriormente. A exemplo de Espanha, o nosso mercado também é relativamente rígido, por isso, são de esperar preços relativamente elevados. O problema é que neste momento a nossa factura imobiliária é superior à de Espanha.
De acordo com o INE, no segundo trimestre de 2009, os bancos que concedem empréstimos hipotecários em Portugal avaliaram o metro quadro lusitano em 1.168 euros (valor médio). Se considerarmos que no nosso país: a) cada agregado familiar possui 2,7 pessoas; b) a tipologia necessária para albergar essa família é de 90 metros quadrados; c) o rendimento médio de cada trabalhador português é de 750 euros mensais e; d) a população activa corresponde a apenas metade da população total....conclui-se que cada família portuguesa gasta 7,4 anos do seu rendimento agregado para adquirir uma casa, estimativa que resulta da seguinte conta: (1.168 * 90) / (2,7*50%*750*14).
Portanto, o que é vai acontecer no nosso país? Há essencialmente duas possibilidades. Cenário A: Portugal permanece na sua tendência estrutural. Ou o cenário B: os preços baixam. Alguns dados divulgados há poucos dias na imprensa económica atestam que estamos a viver na terra de ninguém, ou seja, há muito inventário disponível, mas compradores e vendedores, teimosamente, não se entendem quanto ao valor de negociação. O mercado imobiliário está parado. Em suma, a situação pode, rapidamente, normalizar (cenário A) ou descambar (cenário B). E qual será a variável crítica nesta contenda? Será a evolução do desemprego.
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