06 agosto 2009

aníbal cavaco silva

Qualquer que seja o resultado das próximas legislativas parece pacífico que ninguém governará com maioria absoluta, isto é, com a garantia de levar a legislatura até ao fim.

Nesse cenário provável, o protagonismo do Presidente da República será inevitavelmente reforçado, e o futuro governo deverá a sua subsistência mais à boa vontade do Presidente do que aos seus eventuais méritos e talentos. Caso Sócrates seja primeiro-ministro, os entendimentos à esquerda não serão fáceis, e Cavaco, que não se distingue propriamente por esquecer e perdoar desaforos políticos, cuidará de criar as condições necessárias e suficientes para que se venha a verificar a falta de condições constitucionais para a governabilidade. Se ganhar Ferreira Leite, a oposição à esquerda não lhe dará vida fácil e, inevitavelmente, o país terá de voltar às urnas para conseguir uma clarificação política e governativa.

Em qualquer circunstância, a próxima legislatura será dominada pelo Presidente. E por quem, no PS e no PSD, possa oferecer aos respectivos eleitorados a esperança de uma maioria absoluta. Não serão certamente José Sócrates e Manuela Ferreira Leite que os convencerão disso.

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