Num post anterior previ que o primeiro-ministro José Sócrates e a sua equipa governamental iriam sair da política sob fortes abusos pessoais e maltratados para além de qualquer sentimento de justiça. O processo já está em marcha.
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Trata-se aqui de uma característica cultural dos portugueses e, mais geralmente, dos povos de cultura católica. Como regra geral, só são leais a quem tem poder, seja no seio de uma organização ou do país. Esta faceta leva-os a cometer frequentemente graves iniquidades e é uma das razões da sua reconhecida falta de sentido de justiça. Eles estão sempre do lado do poder, mesmo quando o poder não tem razão.
Esta lealdade extrema ao poder não resulta de um sentimento de respeito, mas de medo. Por isso, logo que sentem o poder fraquejar - as eleições europeias foram o sinal - abusam-no e maltratam-no sem dó nem piedade. E, naturalmente, sem qualquer sentido de justiça, menos ainda de humanidade.
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Olhando a história da Igreja Católica, um dos factos mais salientes é a sua capacidade para, ao longo de dois milénios, ter sido capaz de conviver com toda a espécie de regimes políticos, desde os mais liberais aos mais ditatoriais - uma capacidade sem a qual dificilmente teria sobrevivido. Esta capacidade manifesta-se no facto de ela estar sempre do lado ganhador e, quando as coisas mudam, ser normalmente uma das primeiras instituições a apoiar o novo poder (veja o caso recente nas Honduras). Ao mesmo tempo que, institucionalmente, está sempre do lado ganhador, permite que alguns dos seus partilhem a causa da oposição. Quando o regime muda, ela tem sempre meia-dúzia de nomes para invocar e justificar o seu apoio aos novos poderes instituídos.
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A Igreja educou os portugueses nesta capacidade - um instinto de sobrevivência tal que lhes permite mudar as suas lealdades à velocidade da luz. Como regra geral, nunca confie na lealdade dos portugueses, excepto enquanto você tiver poder. Quando o perder, você pode até ser Jesus Cristo, que os portugueses não lhe vão ser leais. Veja aqui a lealdade da Igreja Católica em relação ao presidente deposto nas Honduras
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