20 julho 2009

para dançar o tango


Os povos de cultura católica não progrediram, sob qualquer ponto de vista (económico, social, científico, político, etc.) como os protestantes porque fecharam o espírito e - nas palavras de Antero de Quental - o deixaram embrutecer. Para Itália, Espanha, Portugal e as suas colónias na América Latina essa é a trágica herança saída do Concílio de Trento, a reacção católica à Reforma Protestante.

Seria, porém, uma injustiça atribuir à Igreja Católica e ao clero a responsabilidade exclusiva por este desenvolvimento. São necessários dois para dançar o tango. O povo dos países católicos partilha, pelo menos, metade desta responsabilidade. Para ver que assim é basta atentar que o clero posssui hoje muito menos influência social e a abertura à discussão intelectual nestes países - excepto em círculos muito restritos -, continua praticamente idêntica à do século XVI, que é quase nenhuma. A censura não é agora exercida pela Inquisição, mas pelo povo, especialmente o povo que se julga educado. Estes são os novos clérigos.

Eu olho os blogues abertos (eles são raríssimos, e por boas razões) como um laboratório das formas de censura espontânea que a cultura católica desenvolveu, sem qualquer influência do clero. E qual é a situação limite para que tendem esse blogues, nas suas caixas de comentários? Para serem dominados por trolls que, na prática, refreiam qualquer pessoa interessada e de boa fé de fazer um comentário, porque sabe que, mais cedo ou mais tarde, irá ser maltratada. É nesta forma da Lei de Gresham que invariavelmente desemboca a liberdade de expressão num país de tradição católica.

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