Iniquidade

São Paulo, 25 de Julho.

As coisas mexem nesta cidade BRIC. É a primeira vez que visito esta cidade, mas essa parece-me uma conclusão óbvia. A outra é a enorme desigualdade social que se vive. No bairro dos Jardins, supostamente o melhor da cidade, convivem carros de alto cilindrada com indigentes que dormem na rua. Mas, tranquilo, ainda não senti qualquer insegurança. A única exasperação que até agora senti foi com o trânsito: infernal, a qualquer hora do dia. O crescimento rodoviário tem sido de tal forma acentuado que, imaginem, o governo estadual introduziu uma adaptação brasileira ao imposto de circulação que existe em Londres: em alternativa à taxa, por cá, os condutores são obrigados a deixar o carro em carro uma ou duas vezes por semana em função da terminação da respectiva matrícula. Uma originalidade!

Mas o Brasil tem, de facto, todas as condições para prosperar. É um país riquíssimo em termos de potencial agrícolo. E tem uma população de quase 200 milhões de pessoas. O problema é apenas a iniquidade. Neste país, o PIB per capita ronda os 6.000 dólares (três vezes inferior ao português), mas este também é o país onde se encontra uma garrafa de Quinta do Carmo a vender por 400 reais (cerca de 150 euros)!