Consultando as caixas de comentários aos meus últimos posts onde tenho vindo a contrapôr a tradição católica à tradição protestante, o meu julgamento é o de que os protestantes continuam largamente a ganhar, pela boa educação, pela boa fé posta no debate das ideias e pela racionalidade. Apesar da inferioridade numérica dos protestantes, a sua superioridade intelectual (e moral, pela forma como tratam os oponentes) é esmagadora.
Reproduzo a seguir um comentário que largamente subscrevo:
"Se o valente autor do texto [citado aqui] fôr mesmo um bispo, poderei então seguramente afirmar que estamos diante do mais acabado exemplo do que é a ICAR, ou melhor, do que são os métodos da ICAR. Ou: o que é a substância da ICAR. Vejam: para chegar ao ponto de meter a colher de pau na discussão, e isso com o único propósito de largar na caixa de comentários uma paulada no Professor Doutor, é de se supor que o dito prelado já vem de acompanhar a nossa arenga há algum tempo, certo? E se vem de acompanhar a nossa arenga há algum tempo, porque será que não se aventurou ao debate, contestando as teses do PD, fazendo a apologia do catolicismo ou mesmo reforçando a opinião daqueles que se apresentaram como católicos?
Ora, porque para os católicos, e especialmente para os membros da hermética máquina eclesiástica, debates, discussões de idéias, polêmicas, confrontações de opiniões divergentes, constituem pura perda de tempo, senão mesmo perigosas subversões da ordem. Quando muito, naquelas ocasiões que em a Igreja sente que suas posições estão sobre forte contestação, se permite lançar na arena os seus apologistas, sempre muito bem adestrados na repetição nervosa dos cânones e dos dogmas, mas tudo com a intenção, não de debater, mas sim de pulverizar o oponente. Foi dentro desta mentalidade que foram instituídos os exércitos de Loyola e de Domenico de Guzman.A cultura da ICAR - e isso está arraigado em seu clero, mesmo entre os carismáticos, que gostam tanto de copiar os trejeitos dos pentecostais -é a cultura da prevalência e da primazia social, do domínio absoluto sobre a circulação das idéias, das ações, do que é permitido ou do que é vedado.
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Hoje, é certo, a igreja romana já não detém o poder temporal que possuiu no passado e já não tem o controle sobre a vida e a mente das pessoas como tinha em época não muito distante. Mas permanece a vontade de poder, a infinita vontade de poder, a sedenta vontade de poder.Isso explica o tom visivelmente nervoso do texto do dito bispo: sarcástico, ácido, mordaz, grosseirão, vulgar, sem demonstrar qualquer paciência ou vocação para o debate (aliás, passa completamente ao largo da questão de fundo da discussão), movendo-se claramente com o intuito de ridicularizar os textos do Arroja, de melar o debate e, sobretudo, de fazer calar as verdades "inconvenientes" que o PD vem trazendo à colação - que de resto nem inéditas são.Enfim, reconheço nisso tudo, num plano pessoal, a postura intolerável que me afastou da igreja romana, e num plano histórico, a que foi causa da divisão da Cristandade e transformou a ICAR nisso que ela é hoje: uma casca, uma fachada, um chamamento à ordem, uma fortaleza de um suposto tradicionalismo, mas sem qualquer força vital.Pobre ICAR. Pobre bispo de Barcellos. Eles não aprendem nada. Eles não esquecem nada."
LG
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