25 junho 2009

bacocos


No comentário de um leitor a este post, que reproduzo a seguir, gostaria de salientar alguns traços da cultura portuguesa (católica) que tenho vindo a descrever em tese e que são um impedimento maior à realização da democracia em Portugal:
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1. O primeiro e o mais importante de todos é a desvalorização de todas as pessoas a quem, concreta ou abstractamente, o autor se refere, com excepção da autoridade (neste caso, o Irmão Manuel). Bacocos e ignorantes são os termos utilizados reiteradamente.
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2. A minha própria interpretação da Bíblia é sumariamente desvalorizada, não com argumentos, mas com adjectivos: "é uma forma política de análise, puramente humana e desprovida de Fé". Posso até ter incorrido no erro de me ter socorrido de um exemplar da Bíblia (na realidade tenho quatro, dois em português, dois em inglês) objecto de "falsas traduções para alterar sentidos".
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3. A tendência para enveredar pelo jocoso (na referência ao psiquiatra, aos meus alegados retiros para multiplicar o vil metal, a referência aos anjos e à média móvel) que é uma forma de diminuir a seriedade de propósitos de quem está do outro lado.
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4. Finalmente, a confiança cega na autoridade institucionalizada, neste caso o Irmão Manuel. Compreender a Bíblia só é acessível a alguns eleitos especialmente ordenados ou licenciados para o efeito e, portanto, a pessoas, que elas próprias, falam com Deus.
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Estão aqui resumidos alguns dos piores vícios da cultura portuguesa (católica), a saber: (i) os outros não prestam; (ii) a pessoa de quem discordamos nunca é séria; (iii) brincar com assuntos sérios (e levar a sério assuntos sem importância); (iv) confiança cega na autoridade institucionalizada; (v) e, finalmente, nunca ver em si próprio os defeitos que atribui aos outros (porque se até aqui alguém mostra ignorância em algum assunto é o próprio autor - sobre a ortografia portuguesa).
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Agora o comentário:
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"Irmão Arroja, ovelha tresmalhada do nosso rebanho.
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Estás a analizar o catolicismo versus protestantismo de uma forma política, puramente humana desprovida da Fé. Assim nunca acharás o caminho da salvação.
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Contestas a Confissão. Um homem, um pecador confessar-se a outro homem -o padre- igualmente pecador. Já pensas-te o que seria o homem confessar-se a um Anjo.Seria impossível. Ele na sua brancura -mais branco que a neve- não o compreenderia. O homem saíria de lá amargurado, vergado pelo pecado, insatisfeito. Provavelmente recorreria ao psiquiátra, o que lhe ficaria caro!Defendes que 2 bacocos tenham a meritória intenção de melhor conhecer as Sagradas Escrituras.Esses 2 bacocos reunir-se-ão para debater.Têm a mesma sabedoria e igual ignorância. No fim saem de lá a saber o mesmo, porque lá não esteve quem estudou e sabendo mais que eles, lhas pudessem explicar.O que é que eles fizeram...? Uma média de ignorância.Se entrar um terceiro bacoco e saír um dos anteriores, será uma média móvel.
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Recomendo-te um Retiro.Terás feito vários por motivos profissionais onde refletes sobre a forma de ganhar o vil metal, de o multiplicar. Este será diferente. Põe-te a caminho.Podes ir a pé que não é longe e só te faz bem. Ruma a Terras da Maia, pastoriadas pelo nosso Irmão Manuel ( o clemente). Num lugar chamado de Catassol, bate à porta -está sempre aberta- entra e diz ao que vais. Serás recebido de braços abertos. O vinho é bom. Sem preconceitos de elitistas e populaças, debaterás, conversarás, farás novos amigos daqueles não interesseiros.Debaterás a Bíblia ajudado por quem a estudou e que sabe mais que tu. Ajudado por quem não fez falsas traduções para alterar sentidos. Por quem aliou a Fé ao estudo. Depois conta-nos o resultado.
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Barcelos, 2009 anos após o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, no dia a seguir às festividades em honra de S. João (o baptista).
Paço Episcopal
Ezequiel bispo de Barcelos.Anonymous 06.25.09 - 3:01 pm # "
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Eu estou razoavelmente certo que se dissesse ao autor que este texto é imensamente ofensivo ele ficaria surpreendido e rejeitaria a alegação. Ofensivo a quem? A Cristo, que é Alguém que o autor parece venerar.

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