É inquestionável que o comércio livre estimula o crescimento económico. Esse é um dos princípios da moderna teoria económica. Os modelos económicos, contudo, assentam nalguns pressupostos que convém não esquecer. No caso do comércio livre, parte-se do princípio de que não há barreiras inultrapassáveis à exploração das vantagens competitivas de cada país.
Suponhamos que a UE e a China participam numa zona de comércio livre. Os europeus beneficiariam, por exemplo, de têxteis mais baratos, devido à vantagem competitiva dos chineses nesta indústria, e os chineses adquiririam, por exemplo, Airbuses europeus, que não estariam ao seu alcance se não fosse o comércio dos têxteis.
Imaginemos agora que na Europa se criam barreiras extraordinárias à industria aeronáutica (políticas, sindicais, ambientais, etc.). O que é que acontece?
Continuamos a importar têxteis, destruindo a industria têxtil europeia, e não conseguimos compensar essa perda através da criação de riqueza pela Airbus.
E se, a somar a isto, a Airbus, acossada pela Boing, transferir o fabrico de aviões para a China, para ultrapassar as barreiras que tem na Europa e beneficiar de favores políticos de Pequim, o que sobrará para os europeus?
Servir café aos turistas chineses, suponho.
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