29 junho 2009

bananas


"A inveja, o queixume e o ressentimento, com que muitos portugueses embrulham a pequenez de espírito e a incapacidade de ousar e de assumir os riscos da sua individualidade, esgrimindo-os contra os que têm sucesso ou, mais simplesmente, contra os que atrevem a sobressair da niveladora mediocridade, são outras emanações, limitadoras, desse "carácter" (...) O melhor exemplo desta idiossincrasia é a atitude face ao Mateus Rosé. É a única marca global de origem portuguesa (...) mas que os portugueses se empenham em denegrir.

(...)

Poderá interrogar-se como é que se reproduzem as características comportamentais que se traduzem na cultura ou na idiossincrasia de uma comunidade (...) Há uma interessante experiência que pretende representar um tipo de mecânica de reprodução cultural, frequentemente referida pelos manuais de organização, e que pode ser evocada a este propósito. Um cientista social colocou 3 macacos numa jaula, e no topo dessa jaula, por cima de um banco colocada ao centro, pendurou um cacho de bananas. Quando um macaco se dirigia ao cacho para retirar uma banana, os outros dois eram agredidos por um jacto de água gelada. Repetindo o procedimento, cedo começaram os macacos castigados, para evitar a repressão externa, por agredir o terceiro elemento para o impedir de chegar às bananas, de cada vez que ele a tal se atrevesse. Ao fim de não muito tempo, nenhum macaco se atrevia a ir às bananas e qualquer deles saltaria de imediato a bater em qualquer outro que tentasse aproximar-se do fruto exibido."

Bento, Vítor (2009). Perceber a crise para encontrar o caminho. Lisboa: Bnomics.

Sem comentários: