24 junho 2009

Justificação


"É precisamente a questão da Justificação, que vocês católicos jamais puderam compreender... "
LG, aqui.

O comentador LG tem razão. Um homem nascido num país católico, e educado na sua cultura, nunca compreendeu esta questão, que é a questão fundamental e a diferença principal entre a cultura católica e a cultura protestante. Justificação? Que raio de bicho é esse?
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No essencial, a distinção é a seguinte: na tradição católica você justifica a sua vida (os seus comportamentos, as suas intenções, os seus pecados, etc.) perante um homem - o padre (e mais geralmente, perante o professor, o pai, a mãe, o polícia ou o juiz) - que, sendo em primeiro lugar uma pessoa humana, é enganável. Na tradição protestante, você, por virtude da sua fé (Sola Fides) que o leva a imitar a vida de Cristo (Solus Christus), justifica-se apenas perante Deus e só Ele lhe pode perdoar os seus pecados e avaliar a sua vida (Sola Gratia). Não arme em chico-esperto, deixe-se de mentiras, verborreias, habilidades e desculpas saloias, porque Deus lê-lhe o coração e sabe tudo. Você pode enganar o padre (ou o professor, o polícia, o juiz ou o seu pai), mas não engana a Deus. Por isso leve uma vida decente para poder receber a Graça Divina.
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É esta diferença que faz dos protestantes, em relação aos católicos, pessoas de boa-fé nos seus assuntos diários. Nos países protestantes não existe a figura do chico-esperto, do habilidoso, do batoteiro, do manhoso, do caluniador nem do homem sistematicamente insultuoso. Esses, se existem, estão todos na prisão. É isso que faz dos países protestantes países muito mais cristãos que os católicos. E também países onde as instituições como a democracia e a justiça funcionam melhor, e que são mais progressivos economica e socialmente.
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(PS: Por exemplo, pessoas que aparecem às vezes nos blogues com uma postura sistematicamente insultuosa, e não provocada, exibindo um comportamento profundamente anti-cristão, se fosse num país protestante, já tinham sido denunciadas às autoridades e estariam na cadeia ou encarceradas em alguma instituição psiquiátrica. Ou, pior ainda, algum cidadão ofendido e indignado, e igualmente anti-cristão, já lhes teria feito uma espera e pregado um real ensaio de pancada. Esta é a diferença entre o rigorismo protestante e a permissividade católica)

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