Todos os intelectuais são decadentes. Não estou a utilizar este adjectivo como insulto, embora esteja convencido de que se o estivesse não estaria a ser injusto com a grande maioria deles.
Uso aqui decadente, no sentido que George Friedman lhe atribuiu, referindo-se a pessoas que têm uma atitude cínica sobre a vida e que consideram que “não há nada que possa ser melhor do que qualquer outra coisa”. São expoentes do relativismo e do niilismo.
Ora essa atitude, que é catastrófica a nível social, é uma qualidade notável para uma pessoa que se quer devotar ao conhecimento e dar contributos originais no campo das ciências ou das artes. Porquê? Porque os cientistas, ou os académicos, têm de pôr constantemente em causa os paradigmas dominantes e considerar as hipóteses mais estapafúrdias como verosímeis. Partem de postulados aceites como verdades (a terra é o centro do universo), falsificam-nos e propõem novas hipóteses (somos apenas um planeta de uma galáxia que nem sequer está no centro do universo).
O diabo é que esta atitude permanente de dúvida, de dúvida metódica, não pode ser aplicada no dia a dia. E se for sai disparate.
Acresce que a maioria dos intelectuais tem dificuldade em compreender as emoções humanas e em relacionar-se socialmente. Alguns têm quase um toque de autismo, que lhes granjeia epítetos do tipo “nerd” ou “rocket scientist”.
Os intelectuais fariam portanto bem se se remetessem à academia e deixassem de dar palpites sobre o modo como a sociedade se deve organizar e viver.
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