01 maio 2009

Saneamento do BPP


Há uns dias atrás, o Presidente Executivo do Banco Privado Português foi à SIC N, suponho que ao programa "Negócios da Semana", e expôs em traços gerais o programa de recuperação e saneamento do banco. Para além do "Mega Fundo" que, em seu tempo, já tive oportunidade de aqui comentar, Adão da Fonseca apresentou também a sua estimativa de quanto será necessário para viabilizar a existência do BPP: 300 milhões de euros. O número em si não me choca. Contudo, aquilo que me parece verdadeiramente inaceitável é a distribuição destes 300 milhões de euros. De acordo com o plano de saneamento, dos 300 milhões, metade, ou seja, 150 milhões vem do Estado. Em relação à outra metade, 125 milhões de um alegado consórcio de bancos privados (porventura, também com o envolvimento da CGD) e, por fim, apenas 25 milhõesinhos da Privado Holding, ou seja, dos accionistas do BPP. Portanto, feitas as contas, os accionistas do banco, aqueles a quem cabe zelar pela viabilidade imediata da instituição, estão apenas dispostos a avançar com 8% (!!??!!) do valor necessário ao saneamento do BPP. Enfim...

De resto, apesar da enorme estima que tenho pelo Dr. Adão da Fonseca, que aceitou essa espinhosa tarefa de tentar recuperar o BPP, julgo que prestou um mau serviço a si próprio. Por uma simples razão: aquela entrevista teve como objectivo único responsabilizar o Estado português pela eventual falência do BPP, caso o Estado nada faça, e que constituiria um evento (ainda) inédito na presente crise financeira. É que, como muito bem observou o jornalista de serviço, apesar da falência técnica em que se encontram vários bancos europeus e norte-americanos, e das várias nacionalizações entretanto operadas, ainda não houve nenhuma situação de falência efectiva. O BPP pode muito bem vir a ser o primeiro. O que, tendo em conta a distribuição de valores associados ao plano de saneamento do BPP, seria muito bem feito. Porque quem tem de safar o banco é, em primeiro lugar, a Privado Holding. E só depois o Estado.

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