20 maio 2009

os bárbaros entre nós

Os bárbaros são indivíduos que são donos da verdade, pensam que os seus costumes e tradições são leis universais e que as outras culturas são, por assim dizer, “heréticas”.
Estão sempre dispostos a acusar e a julgar os dissidentes, em tribunais populares, ou até da opinião pública, sem qualquer respeito pelo que, nas sociedades civilizadas, se chama Direito.
Os bárbaros vivem “fechados” nas suas paróquias, com fortes laços de lealdade à tribo e aos seus caciques, a quem reconhecem uma forte autoridade. São aguerridos com os indivíduos de outras culturas, mas subservientes às suas chefias.
Penso que a relação dos portugueses com a verdade, com as tradições e, acima de tudo, com o poder, revela que ainda há muitos bárbaros entre nós. Como não andam com um B na testa, temos de os identificar por sinais mais subtis. A intolerância, o desrespeito pela Lei, que consideram abaixo dos costumes locais, e a falta de confiança (trust) nos seus concidadãos que não pertençam à tribo primitiva. Os bárbaros não reconhecem o valor das instituições sociais, prezando mais os régulos que os pastoreiam.
Olhem à volta, com atenção, e procurem estes sinais. Eles anda por aí, às manadas, em quantidades fenomenais. Procurem nos partidos políticos, nos clubes de futebol, na administração pública, na imprensa, na justiça, nos sindicatos, nas empresas. Os donos da verdade estão por todo o lado.

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