Quando António de Oliveira Salazar morreu politicamente, em 8 de Agosto de 1968, o regime que ele fundara e dirigira pessoalmente durante 40 anos, desmoronou-se e caiu como um castelo de cartas. Marcello Caetano não soube o que fazer (ninguém no seu lugar teria sabido), o status quo não soube o que fazer, o Presidente não soube o que fazer, a oposição não soube o que fazer, os colaboracionistas do “novo” regime não souberam o que fazer. Como que por um golpe de magia, de um momento para o outro, uma cadeira pôs o país em estado de choque, parado, à espera de tudo e de coisa nenhuma. O legado final do Doutor Salazar ao país foi esse: a inexistência absoluta de instituições e a bovinização completa da vida social e política. O regime era ele, a política era ele, a decisão era dele, a autoridade e o comando, a soberania eram dele também. Enquanto ele viveu, a coisa deu para aguentar. Muitas vezes mal, quase sempre usando força ilegítima, mas foi dando. Depois dele que viesse o dilúvio. E o dilúvio chegou a 25 de Abril de 1974. Ainda hoje todos sofremos com isso.
1 comentário:
Muito bem.
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