03 maio 2009

A qualidade do Estado


O 11 de Setembro fez recrudescer nos meios académicos, sobretudo americanos, o interesse pelo papel da cultura e, por implicação, da religião - o principal elemento estruturante de uma cultura - no desenvolvimento das sociedades e nas suas instituições. No campo das ciências sociais, como a Economia, esta mudança parece deixar para trás o paradigma kantiano da independência entre ciência e religião, e as suas teses supostamente universais, para conduzir a uma ciência social cujas conclusões ou leis são dependentes da cultura (religião) e consideravelmente menos universais.

Num dos artigos que citei no post anterior, a conclusão é a de que a qualidade do Estado (governo) não depende tanto do seu tamanho, mas da cultura da população, ao contrário da tese dos autores liberais modernos (como os austríacos Mises e Hayek) que invariavelmente associam a degradação da acção do Estado ao aumento do seu tamanho.
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A filiação kantiana de Mises e Hayek, com o seu desprezo pela evidencia empírica e o seu ênfase nos poderes da razão, leva-os a desprezar a cultura (religião) e a universalizar teses que não são universalizáveis e que, como tal, são falsas. Os melhores Estados são os dos países nórdicos, e estes são também os países que possuem os maiores Estados.

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