03 maio 2009

confiança


O principal defeito do pensamento de Kant foi o de ter pretendido criar uma nova versão do catolicismo - no sentido de uma forma de pensamento ou cultura universal - mas pondo a Igreja Católica de lado. O falhanço foi total, mas o seu pensamento é ainda hoje aceite em muitos círculos como a forma distintiva do pensamento científico.
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Nas ciências sociais, o erro foi desastroso, levando a universalizar teses cuja validade era dependente da cultura e, portanto, frequentemente local, e noutros casos conduzindo a ideologias que pela sua pretensão de universalidade conduziram a resultados catastróficos, como foi o caso do marxismo, ou mais recentemente da democracia-liberal, sob a tese kantiana do Fim da História.
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Na minha opinião, uma das conclusões mais importantes que ressalta dos trabalhos empíricos citados anterormente (vg, este) , e à qual outros autores têm aderido, é a de que uma das grandes diferenças entre as culturas católica e protestante respeita à confiança que as pessoas põem umas nas outras e nas instituições (vg., Estado), sendo ela maior nos países protestantes do que nos países católicos. A razão para esta diferença provavelmente deriva da presença religiosamente monopolística da Igreja nos países de tradição católica e da sua concorrência ao Estado para captar o espírito e a lealdade das pessoas.

Esta diferença tem sido utilizada para explicar porque é que os países católicos são mais favoráveis à propriedade privada e à concorrência do que os países protestantes, porque é que o Estado é melhor nos países protestantes do que nos católicos, e ainda porque é que os países protestantes são capazes de criar instituições económicas internacionais (vg., empresas multinacionais, bolsas de valores internacionais, etc.), enquanto as instituições económicas dos países católicos permanecem predominantemente paroquiais (vg., empresas familiares) ou, na melhor das hipóteses, meramente nacionais.

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