21 abril 2009

se há compadres


"Esse Socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, um sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína ou da falência. O Socialismo de Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas, da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare. As próprias falências, ou desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente abafados e os défices cobertos - regalia única! - pelo orçamento do Estado"
(Salazar in António Ferro, Entrevistas a Salazar, op. cit., p. 142)

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