21 abril 2009

anti


"-Há quem atribua o seu anti-parlamentarismo ao seu feitio aparentemente concentrado, ao seu horror aos discursos ...

-Talvez tenham razão ... Venciam-me de certeza ... ainda que a gente se habitua a tudo ... eu sou de facto anti-parlamentar porque detesto os discursos ocos, palavrosos, as interpelações vistosas e vazias, a exploração das paixões não à volta de uma grande ideia, mas de futilidades, de vaidades, de nadas do ponto de vista do interesse nacional. O Parlamento assusta-me tanto que chego a ter receio, se bem que reconheça a sua necessidade, daquele que há-de sair do novo estatuto. Sempre são três meses, em cada ano, em que é preciso estar atento aos debates parlamentares, onde poderá haver, é claro, boas sugestões, mas onde haverá sempre muitas frases, muitas palavras. Para pequeno parlamento - e esse útil e produtivo, como no caso actual - basta-me o Conselho de Ministros."
(Salazar in António Ferro, Entrevistas a Salazar, op cit., p. 95)

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