Penaltis: Verdade e Justiça no Futebol.
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Numa cultura baseada na verdade, como a portuguesa, o árbitro é visto como uma instituição de verdade quando, na realidade, ele é uma instituição de justiça. O árbitro não está lá para determinar a verdade do jogo. Essa é uma função dos jogadores. O árbitro está lá para assegurar que há justiça.
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Por isso, na cultura portuguesa, um erro do árbitro é olhado como uma falta à verdade que ele conhecia, ou devia conhecer, e portanto como uma manifestação de incompetência ou intencionalidade. Pelo contrário, num país como a Inglaterra, um erro do árbitro é olhado como um acontecimento fazendo parte da verdade do jogo, pois os árbitros, sendo humanos, erram, e erram aleatoriamente para os dois lados.
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Por isso, nos programas de comentário desportivo em Portugal a pessoa mais injustiçada é sempre o árbitro. Atribuem-se-lhe as responsabilidades pela derrota da equipa, quando na realidade ela pertence aos jogadores e ao treinador ou a acontecimentos aleatórios como o estado do tempo, as lesões de jogadores-chave ou os erros do árbitro.
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Embora o futebol e a intensidade com que ele é vivido em Portugal exiba, talvez melhor do que qualquer outro sector, a falta de sentido de justiça dos portugueses, a situação não é diferente em outros sectores da vida social, em especial na política. Como norma geral, a falta de julgamento dos portugueses é atroz. Nunca se deve confiar na opinião de um português acerca de um assunto público antes de se reflectir pelo menos três vezes.
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