27 abril 2009

Foi sempre assim


Como as próximas eleições, com certeza razoável, não produzirão a maioria absoluta para nenhum partido, o cenário que se vai seguir em Portugal nos próximos cinco anos é o seguinte.

Vão suceder-se os governos minoritários, alguns de iniciativa presidencial. Estes governos terão curta duração porque, enquanto tentam governar o país no Terreiro do Paço, o Parlamento boicota-lhes a acção em S. Bento. Alguns desses governos serão de iniciativa presidencial, levando o Presidente, qualquer que ele seja, a encostar-se aos militares para reforçar a sua autoridade.

Os grandes partidos políticos, especialmente o PS e o PSD, vão-se cindir em pequenos partidos dissidentes (os primeiros sinais estão já aí). Passarão a existir partidos socialistas para todos os gostos e feitios, e o mesmo sucederá com partidos sociais-democratas. A luta partidária será intensificada. A imprensa radicaliza-se e a justiça deixa de funcionar (ela já não está muito longe disso).

As condições económicas, em parte fruto da crise internacional, agravam-se, multiplicando os défices do Estado e fazendo escalar a dívida pública. Muitos portugueses vão optar por emigrar, especialmente para o Brasil e para a antiga África portuguesa. A criminalidade aumenta e haverá episódios de violência. Uma baixa considerável do nível de vida dos portugueses acompanhará a situação económica e política

Os militares tornar-se-ão cada vez mais visíveis como garantia última do poder e o Presidente da República acabará por depender deles. Os próprios militares vão-se dividir ora protagonizando uma solução política ora outra. A estabilidade governativa só será recuperada com a suspensão dos partidos políticos e do Parlamento. O poder estará entregue a um César da confiança dos militares.
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Foi sempre assim em Portugal. Porque é que agora havia de ser diferente?

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