14 março 2009

teve azar


No caso de Portugal (ver aqui e aqui) Hofstede teve sorte de chegar à mesma conclusão que eu. Muita sorte. Porque as conclusões dele, para o caso de Portugal como de qualquer outro país, só por sorte são verdadeiras. No meu próximo post trarei à luz um caso em que Hofstede teve azar - a Suécia. No seu estudo ele conclui que a Suécia é o país mais feminino que há no mundo. Eu demonstrarei que é um país masculino.

Fornecerei ao leitor a chave para atacar uma e outra das conclusões (verdades). No caso de Hofstede e da sua metodologia tipicamente protestante, ele parte de definições ou hipóteses, que constituem as suas premissas e, depois, utilizando métodos de inferência estatística, estabelece conclusões (verdades). Esta forma de chegar à verdade é atacável em dois pontos. Primeiro, nas premissas, que são definições ou hipóteses: correspondem elas à realidade? Segundo, na inferência estatística: foram seguidos os procedimentos adequados de inferência (vg., representatividade da amostra, método estatístico adequado)? (*)

No meu caso, seguindo uma metodologia tipicamente católica, parto de factos como premissas e, por dedução lógica, chego às conclusões (verdades). Também esta forma de chegar à verdade é atacável em dois pontos. Primeiro, nas premissas, que são factos: serão os factos verdadeiros? Segundo, no processo de dedução lógica: foi cometido algum erro de lógica?

(*) O pai da forma protestante de pensar é Kant. Ele supôs a existência das célebres categorias do pensamento, os "filtros" da razão que permitem ao homem chegar à verdade, e supôs mais: que tais categorias eram idênticas para todos os homens. Alguma vez ele demonstrou que tais categorias realmente existem? E, no caso de o ter feito - o que na realidade não fez -, alguma vez demonstrou que elas são idênticas para todos os homens? Não, nunca fez, nem uma coisa nem outra. As categorias do pensamento são uma invenção, uma fantasia dele. Mas, então, como poderei eu acreditar que se chega à verdade pelo processo kantiano? Não posso.

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