26 março 2009

a osasião

A Dr.ª Manuela Ferreira Leite disse, ontem, em Leiria, que a corrupção é “um grande constrangimento” ao desenvolvimento do país, e tem toda a razão. Como pensa ela ultrapassar esse enorme “constrangimento”, quando e se alguma vez chegar à chefia do governo, é que ficou por esclarecer. Presume-se, pelo que se vai conhecendo da Senhora, que a solução passará pela criação de sistemas de controlo sofisticados no aparelho de estado e por uma nova elite de governantes virtuosos saída da nata do PSD.

Como é óbvio, nada disso resolverá coisa nenhuma. Há um velho ditado indígena que explica melhor o fenômeno: “a ocasião faz o ladrão”. O problema não reside, portanto, na natureza perversa ou benévola dos governantes, menos ainda na existência ou inexistência de mecanismos de fiscalização e controlo sempre contornáveis. Ele está na própria dimensão do estado, nos seus poderes e competências, na imensidão dos seus poderes de ingerência na vida social, empresarial e económica, que facultam um poder praticamente discricionário aos pequenos, médios e grandes funcionários públicos.

Do que se trata, para desenvolver o país, combater a corrupção e por aí em diante, é de proceder a uma verdadeira e profunda reforma do estado. Ficarmo-nos por arranjos florais é agravar o problema.

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